segunda-feira, 19 de maio de 2014

DEUSES E MADONAS A ARTE DO SAGRADO

 

Concebida pelo curador Teixeira Coelho, a partir de 40 obras-primas do acervo do museu, a maioria do século XIV ao XIX, esta mostra apresenta dois sistemas de valores distintos, com quadros que exibem alternadamente figuras do cristianismo e imagens dos deuses da mitologia grega, expressos nos pincéis de grandes mestres da arte ocidental.   Durante muito tempo o sagrado foi um tema privilegiado da arte e era o sagrado que interessava, não a arte que o exprimia. Hoje, no museu, com obras do século XIV ao XXI, a situação se inverte e o assunto central é a arte e seus códigos de representação da realidade e do imaginário.

Uma obra-prima de um mestre do Renascimento e uma instalação do artista brasileiro contemporâneo Eder Santos são os destaques de Deuses e Madonas – A Arte do Sagrado, que traz ainda El Greco (Anunciação, de 1600);  Delacroix (As quatro estações, c.1856);  Botticelli (Virgem com o Menino e São João Batista Criança, c.1490); Tintoretto (Ecce Homo ou Pilatos Apresenta Cristo à Multidão, c.1546); Rafael (A Ressurreição de Cristo, 1499-1502), entre outras.

 São Jerônimo Penitente no Deserto, que o jovem Andrea Mantegna concluiu em 1451 e foi uma das principais obras na retrospectiva  realizada em 2008 em Paris, no Louvre, está de volta ao MASP depois de restaurada pela equipe do museu francês.

 São Jerônimo Penitente no Deserto, de Andrea Mantegna: a tela do Masp foi restaurada no Museu do Louvre e está em Deuses e Madonas — A Arte do Sagrado

 

Em diversos quadros que retratam a figura de Maria, o vermelho é colocado para representar a parte carnal, humana, terrena do ser. E o azul, em contraposição, representa o contato com o divino, o etéreo, a alma, como explicam as anotações dispostas ao lados de obras como "Virgem com o Menino e São João Batista Criança" (1490/1500) Botticelli.

 

 

Dividos pelos períodos em que foram feitos, os quadros apresentam uma surpreendente variedade na representação das  personalidades divinas. Pode-se ver a rigidez e a falta de fidelidade com o real nos quadros do séc. XIII, suas Marias possuem faces frias e indiferentes, os anjos e os meninos Jesus parecem crianças sem vida. Fica claro a que a intenção dos artistas medievais era passar uma ideia e não imitar a realidade.

 

 

Seguindo o acervo, nas obras da Renascença, encontra-se a perspectiva, a luz e a simetria infalível. Nesta sessão aparecem as imagens da mitologia grega. Passagens como o banho de Diana e o julgamento de Páris são magistralmente elaboradas por artistas como Rafael de Sanzio e Botticelli. Aqui as figuras bíblicas ganham expressões faciais, linhas curvas pelo corpo e um cenário amplo ao fundo. As cores ganham mais importância e vemos uma grande variedade nas interpretações de cada artista do que foram os eventos descritos no livro sagrado do cristianismo.

 

 

Entre estas partes da exposição, estão dispostas algumas esculturas gregas: a representação da deusa da higiene, de uma bacante  e da deusa Diana,  dormindo.

 

 

Vemos, em seguida as obras do período barroco: o jogo de luz e sombra, as faces com emoções nítidas e tecidos e joias representados de modo impressionante.
Por fim, dispostos numa única parede, estão As Quatros Estações, de Eugène Delacroix, quatro quadros enormes, que descrevem cenas clássicas do mítico grego. Nestes painéis, aparecem os primeiros indícios das características do movimento impressionista: as figuras ganham menos detalhes, e as pinceladas são mais visíveis, imagens distantes ou pouco importantes se tornam distorcidas, volta a intenção de se passar uma ideia, uma mensagem com a tela, não o compromisso da representação da realidade.

 

 

 

 

 

Entre as pinturas enaltecendo temas pagãos, destaca-se a obra de Nicolas Poussin, “Himeneu Travestido Assistindo uma Dança em Honra a Príapo”. Segundo os Antigos, Himineu vestiu-se de mulher para espionar sua noiva que participava das festividades ao Deus Príapo.

 

 

EXPOSIÇÃO DO ACERVO MASP
DEUSES E MADONAS - A ARTE DO SAGRADO

Período:
Desde 15 de outubro de 2010. Sem previsão de encerramento, Acervo MASP

Horário: terça a domingo, das 11h às 18h; quintas, das 11h às 20h.

Local: MASP (Museu de Arte de São Paulo) - 2º andar
Endereço: Av. Paulista, 1.578 - Cerqueira César
Telefone: (11) 3251-5644

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