quinta-feira, 27 de agosto de 2009

REALIZAÇÃO DE UM PROJETO HÁ MUITO ACALENTADO

 

Há pouco mais de três anos tomei coragem suficiente

para começar a realização de um antigo projeto:

participar do ateliê da Renata Madeira.

Desde o começo, tão bem acolhida pela Renata

(que conheci pequenininha, depois foi minha aluna

e agora é minha professora amiga),

senti-me feliz e em liberdade para ousar

e encher folhas e folhas de desenhos mil,

entrosada num grupo jovem animado

e sempre entusiasmado para inovar

e trocar experiências.

Ao voltar às aulas, neste semestre, recebemos todos

um presente surpresa: um exemplar de

Cartas a Um Jovem Poeta” de Rainer Maria Rilke.

Nosso prazer é grande, lendo e comentando-o em aula.

São dez cartas escritas, entre 1903 e 1908,

a um jovem poeta que lhe pedia conselhos

e nelas vida e poesia estão misturadas,

uma como resultado constante da outra.

O criador deve ser um mundo para si mesmo

e encontrar tudo em si e na natureza a que se aliou”.

 

A poesia de Rilke é bem conhecida no mundo inteiro

e  uma de suas obras mais apreciadas

é “A Canção de Amor e de Morte do Porta-

Estandarte Cristovão Rilke”.

Foi toda escrita numa só noite, em 1899,

e traduzida por Cecilia Meireles (Editora Globo).

Estes são alguns trechos, valem como amostra,

porque a canção é linda:

 

Cavalgar, cavalgar, cavalgar,

pela noite, pelo do dia, pela noite.
Cavalgar, cavalgar, cavalgar.
E a coragem tornou-se tão lassa e a saudade tão grande. Não há mais montanhas, apenas uma árvore. Nada ousa levantar-se. Cabanas estrangeiras agacham-se sequiosas à beira de fontes lamacentas. Em nenhum lugar uma torre. E sempre o mesmo aspecto. É demais, ter dois olhos. Só à noite, às vezes, pensa-se conhecer o caminho. Talvez à noite tornemos sempre a refazer a jornada que penosamente cumprimos sob o sol estrangeiro? Pode ser. O sol é pesado como, entre nós, em pleno estio. Mas foi no estio que nos despimos. Os vestidos das mulheres brilhavam longamente sobre o verde. E agora há muito tempo que cavalgamos. Deve ser, pois, outono. Pelo menos lá onde tristes mulheres sabem de nós. 

 

(…)

Depois, mete a carta na túnica, no mais secreto lugar, junto à pétala de rosa. E pensa: daqui a pouco estará perfumada. E pensa: talvez um dia alguém a encontre...
E pensa: ...
Porque o inimigo está perto.


(...)
ALGUÉM TRAJADO DE SEDA BRANCA, percebe que não pode despertar; pois está desperto e perturbado com a realidade. Assim se refugia medrosamente no sonho, e permanece de pé no parque, sozinho no negro parque. E, a festa é longe. E a luz mente. E a noite o envolve, fresca. E pergunta a uma mulher que para ele se inclina:
"És tu a noite?"
Ela sorri.
Então, ele se envergonha de seu traje branco.
E quereria estar longe, sozinho, armado.
Completamente armado.

 

(…) ISTO É O AMANHECER? Que sol se eleva?

Como é grande o sol.

São pássaros? Suas vozes estão por toda parte.

Tudo está claro, mas não é dia.

Tudo é ruidoso, mas não são vozes de pássaros.

São as trevas que brilham. São as janelas que gritam.

E gritam, vermelhas, dirigindo-se para o inimigo

que está lá fora, no campo chamejante, gritam: Incêndio. 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Goeldi e a Xilografia no Brasil

 

 
Estamos numa temporada de grandes mostras

de artes plásticas.

A exposição de GOELDI _ LUZ NOTURNA,

na Caixa Cultural, Galeria Vitrine da Paulista,

São Paulo, é uma delas.

                       Oswald Goeldi (1895-1961), carioca,

filho de cientista suiço, passou parte de sua infância

e juventude na Suiça, onde, em Berna,

realizou sua primeira exposição individual.

De volta ao Brasil, em 1919,

tornou-se ilustrador de revista.

A partir de 1923, dedicou-se intensamente

à xilogravura que, junto com o desenho,

se tornaria seu principal meio de expressão.

Estes são comentários sobre algumas de suas obras:

 

Nas imagens urbanas de Oswaldo Goeldi há uma atmosfera de solidão profunda.

 

Caminho abandonado

 

 

Há em muitas de suas gravuras uma atmosfera escura,

rompida pela luz branca filtrada,

ou por pequenas superfícies de cor.

 

goeldi01

 

Noturno

 

Figuras humanas indiferentes se perdem em ruas,

praças e becos mal iluminados.

 

 

 


Céu nublado, chuva incessante, atmosfera de chumbo

são elementos presentes em muitas de suas obras

 

Encontro sob chuva

 

De Goeldi e sua obra diz Carlos Drummond:

“De uma cidade vulturina
vieste a nós, trazendo
o ar de suas avenidas de assombro
onde vagabundos peixes esqueletos
rodopiam ou se postam em frente a casas inabitáveis
mas entupidas de tua coleção de segredos…


Amarias talvez…fixar um novo sol, noturno…

…e denuncias as diferentes espécies de treva
em que os objetos se elaboram:
a treva do entardecer e a da manhã;
a erosão do tempo no silêncio;
a irrealidade do real…

 

 

Para conhecer melhor  Goeldi e sua extensa obra,

um ótimo site é o Centro Virtual  de Documentação e Referência

Oswald Goeldi

( www.centrovirtualgoeldi.com)

terça-feira, 18 de agosto de 2009

Relendo Flora Figueiredo

Poesia é cor, perfume, música, beleza,

alimento para a alma.

Tudo isto eu encontro em Flora Figueiredo.

Flora segue o caminho do sonho,

sem  se distanciar da realidade presente nas ruas,

nos rostos das pessoas,

nas coisas comuns ao cotidiano de todos nós.

Ela faz a poesia do encantamento,

mas também registra as indignações do nosso tempo,

tão pobre de alternativas existenciais.

Por tudo isto fiz uma seleção de poesias

para os amigos que costumam visitar meu blog.

 

 

 

Origami

 

 

Dobra que dobra,
redobra.
Põe de pé,
puxa as pontas.
Não fica perfeito,
mas faz de conta;
um pouco torto,
mas ninguém vê.
Não faz mal:
é só um pedaço morto
de folha de jornal.
Ficou de lado,
meio largado
na gaveta.
Ao voltar,
as letras de papel terão voado.
Palavra mal guardada
acaba se tornando borboleta.


Ordem do Dia

 

Eu abro a janela,
você acende o céu,
o gato toca o guizo.
Se for preciso,
a gente chama a banda,
cobre de lírios o espaço da varanda,
dá um brilho na pátina da areia.
Risca-se o poente com giz colorido
que faça sentido com a pele do mar.
E se, ao final da linha,
o rádio anunciar que tudo deu errado:
a idéia faliu,
a alegria dormiu,
o projeto quedou-se malfadado;
negou-se o teorema,
falhou o sistema,
perdeu-se a teoria,
então, abriremos por fim a nossa caixa,
onde se conservam bem guardados
o sonho, o veludo e a fantasia.

 

 

Amigo  Querido


"Por onde andamos nós, que raramente nos falamos?
Engolidos pela pressa, ou pela saga do compromisso...
Ó DEUS, que maratona é essa?

Deixo um recado de saudade para você pensar:
Por mais que a vida corra e o mundo se agite, por
favor, acredite, o nosso coração não muda de lugar.

O tempo e a distância costumam nos arrastar.
É como se folhas de outono se separassem pelo
sopro de algum vento.

Mas nosso coração, não muda de lugar.
Conservo a mão estendida, o peito aberto, o ombro
compreensivo, o pensamento alerta.

A qualquer hora, você pode me chamar. O meu
carinho, permanece vivo.
É que nosso coração não muda de lugar."

 

Dor - de - cotovelo

 

Deve ser tratada com dignidade.
Não é virose,
epidemia ou artrose,
nem mesmo falha de envelhecimento.
Independe da idade.
Costuma dar a sensação
de um escuro profundo,
onde a luz não chega,
onde a esperança é cega
e nossa estima é o rodapé do mundo.
Não acredite !
Como esse mal não transmite
nenhum perigo fatal,
poder ser prazeroso o colo de um amigo,
um abraço forte, como abrigo,
uma palavra doce,
um cafuné.
Acima de tudo, que se mantenha a fé.
Muito pior do que passar por isso
é sonegar emoção,
evitar o risco e o compromisso,
esconder-se atrás das grades da razão.
Quem hoje por amor está sofrendo,
Só por amar, já merece estar vivendo.

 

Flutuações


O sonho aprendeu a pairar bem alto,
lá onde o sobressalto nem sequer nasceu.
Namorou a trôpega ilusão,
até que trêfego e desajeitado,
desprendeu-se de seu reino idealizado,
veio pousar tamborilante em minha mão.
Assim, aquecido e aconchegado,
parece que se esqueceu de ir embora.
Na hora em que ressona distraído,
eu lhe pingo malemolências ao ouvido,
à sua inquietação eu me sujeito.
Eis que o sonho dorme agora aqui comigo,
seu corpo repousa no meu peito.

 

Lição de Casa


Você tampa a panela,
dobra o avental,
deixa a lágrima secar no arame do varal.
Fecha a agenda,
adia o problema,
atrasa a encomenda,
guarda insucessos no fundo da gaveta.
A idéia é tirar a tarja preta
e pôr o dedo onde se tem medo.
Você vai perceber
que a gente é que faz o monstro crescer.
Em seguida superar o obstáculo,
pois pode-se estar perdendo
um espetáculo acontecendo do outro lado.
Atravessar o escuro
até conseguir tatear o muro,
que é o limite da claridade.
Se tiver capacidade para conquistá-la,
tente retê-la o mais que puder.
Há que ter habilidade, sem esquecer
que a luz é mulher.
Do inferno assim desmascarado,
é hora de voltar.
Não importa se é caminho complicado,
se a curva é reta,
ou se a reta entorta.
Você buscou seu brilho, voltou completa;
jogou a tranca fora, abriu a porta.

 

Retirada

 


Respeite o silêncio
a omissão,
a ausência.
É meu movimento de deserção.
Abandonei o posto,
rompi a corda,
desacreditei de tudo.
Cansei de esperar que finalmente um dia,
minha fotografia
fizesse jus ao seu criado-mudo.


 

terça-feira, 11 de agosto de 2009

A FRANÇA E O BRASIL

Pertenço a uma das gerações que cresceu

sob a influência da França,

sonhando com Paris.

Vivendo no Rio de Janeiro, tudo de melhor era francês,

ou de lá provinha:

a arquitetura _os belos edifícios do centro da cidade

Teatro Municipal,

Biblioteca Nacional,

Escola de Belas Artes,

entre tantos outros, nos encantavam…

_os jardins e as praças,

_as obras de arte_ Monet, Renoir, Degas, Rodin,

Cézanne, Matisse, Chagall…

_as músicas de Debussy,

_a literatura _ Anatole France, Verlaine…

_os filmes, a moda, os perfumes…

 

Para revivermos esse encantamento,

dispomos das diversas exposições do

intercâmbio cultural que é O Ano da França no Brasil.

Uma mostra de obras pouco conhecidas ainda é a de

JEAN DUBUFFET,

que o Instituto Tomie Ohtake está apresentando.

São 84 obras(pinturas, esculturas e desenhos)

de 1924 a 1984,

quando o artista decidiu encerrar sua produção.

Estas são algumas delas:

 

Idéoplasme XX

Idéoplasme  X X 

 

Théâtres de Memóire 

Theatre de Memoire

Arbre Mystique

 

Arbre Mystique

 

Court les Rues

 

20070624_Dubuffet_Court_les_rues

 

 Episode A43

 

Episode A43

 

Manoir-d-Essor

 

Manoir-d-Essor

 

L’Homme au Chapeau Mou

 

L'homme au chapeau mou

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

A MAGIA DE CHAGALL

Desde a 1ª Bienal

do Museu de Arte Moderna de São Paulo,

(1957) o Brasil não apresentava uma exposição 

exclusivamente dedicada a Chagall,

este francês, nascido na atual Bielo-Rússia,

que encantou o mundo

com suas pinturas , gravuras, esculturas e vitrais,

suas figuras esvoaçantes e seu colorido vibrante.

Mostra em Belo Horizonte,

na Casa Fiat de Cultura,

reune grande número de suas obras,

da juventude à maturidade.

Vista da Exposição

exposição Chagall BH 002

 

A MUSICISTA

 

chagall_rev. Bravo

 

 

CHUVA

 

Rain

 

 

A NOIVA

 

  The Betrothed - óleo - 1911

 

 

VITRAIS   NAÇÕES UNIDAS   NEW YORK

 

UN_ N Y Stained Glass

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

GRACIAS A LA VIDA QUE ME HÁ DADO TANTO…

Que bom acordar, abrir as janelas,

sentir o ar fresco da manhã,

ver o jardim todo florido, beija-flores esvoaçando,

as verdes maritacas barulhentes

atacando os araçás verdolengos,

um novo dia que se inicia promissor…

Vamos aproveitá-lo!

 

Durante alguns meses minha casa se enfeita ,

literalmente revestida de flores

 

 

25 a 31 julho 2009 038

 

 

 deixa sempre, porém,  uma passagem para os amigos…

 

 

25 a 31 julho 2009 036